O vaivém hipnótico das linhas seduz o olhar. Traça o porte majestoso da Cadeira Buriti, com inspiração enraizada na flora brasileira e na cultura dos povos indígenas e ribeirinhos. O desenho celebra o buritizeiro, imponente palmeira da Amazônia que batiza a peça de mobiliário e enaltece os mitos, os laços de pertencimento, as múltiplas dádivas da chamada “Árvore da Vida”. A estética brota na lenda dos índios Tapuia que credita sua origem a um presente de Tupã, entidade sagrada simbolizada pelo trovão. O conto tribal propagado entre gerações narra o desabrochar das folhas verde esmeralda, onde as de localização central formam uma coroa para adornar e proteger a floresta. Nos leitos dos rios e igarapés a palmeira alcança mais de trinta metros de altitude e pode ser vista à distância, reclamando reverência e respeito.
A carga simbólica – somada às nervuras na casca do fruto escarlate – configura o traçado da estrutura elaborada com riqueza de detalhes. O movimento curvilíneo do aço exibe perenidade. O metal envolto pela amarração de corda naval estabelece harmonia na forma ora enérgica, ora sutil. Encosto e assento coroam a poesia do trabalho artesanal; o fio da ancestralidade presente na crença que conecta céu, terra, deus e homens. Sob a criação revestida de contemporaneidade reside o código frondoso da copa do buritizeiro que abriga função, estética e memória. Na simplicidade, o design de alma brasileira cultua nobreza e repousa à sombra de uma palmeira.

Cadeira Buriti