Identidade brasileira nos esquis da Gioara

"O Design sempre me impulsiona a desbravar novos horizontes, a saltar barreiras dentro do processo criativo e experimentar o novo."
Esquis Gioara com grafismo "Pirarucu" assinado pelo Estúdio Sérgio J. Matos.
O Design sempre me impulsiona a desbravar novos horizontes, a saltar barreiras dentro do processo criativo e experimentar o novo. Ao aceitar o convite da revolucionária empresa italiana Gioara – fundada por George Gros e Chiara Ferrari – embarquei no “World Champion Ski – Project Glass”, a primeira coleção de design e desporto assinada por um seleto grupo de designers italianos e internacionais. A edição limitada de esquis tem a curadoria da diretora de arte Paola Colombari e constitui uma mostra que acontece de 6 a 8 de novembro deste ano, no Allegroltalia Golden Palace, em Torino.Cada designer compôs grafismos para personalizar os esquis de vidro fundido elaborados com alta tecnologia. Os dois pares com assinatura do Estúdio Sérgio J. Matos levam a identidade brasileira à neve. Colhi inspirações da fauna e flora do Amazonas para celebrar ícones da região e difundir a cultura das comunidades indígenas e ribeirinhas. Quais são? O fruto da palmeira Buriti e a imponência do peixe Pirarucu, o gigante das águas doces.O vermelho vibrante se alastra no desenho tridimensional do esqui Buriti. Reproduz o padrão de escamas do fruto do buritizeiro, palmeira majestosa da Amazônia presente nos leitos dos rios, igapós e igarapés. A espécie que alcança até 35 metros de altura é chamada pelos indígenas da tribo Tapuia de “árvore da vida”. Reza a cultura ancestral que trata-se de um presente do deus Tupã para coroar a floresta.Para as pranchas do esqui Pirarucu, o grafismo repete o traço curvilíneo das escamas do “peixe vermelho”, tradução poética do nome indígena na língua tupi. Exibe o tom castanho escuro, iluminado pelo contraste dos contornos escarlates. Símbolo da Bacia Amazônica e protagonista de lendas que cercam as comunidades locais, o animal pode pesar mais de 200 quilos e medir até três metros. A pesca predatória com arpão quase o fez desaparecer e sua captura só é permitida em áreas de preservação como a Reserva Mamirauá, localizada às margens do Rio Solimões.

Os dois projetos são revestidos, também, de escamas simbólicas. Referências que ressoam a mantos da nossa natureza exuberante, da cultura que resiste ao tempo nas lendas e crenças. Lâminas de abrigo para a identidade tropical que pode agora deslizar nas montanhas nevadas.